Elisa di Minas

Elisa di Minas

quinta-feira, dezembro 01, 2005


Alma inquieta...preciso de ipê amarelo pra acalmar tempestade. Não vivo calmarias.Mundo se diverte em jogo de esconde-esconde, me foge, não mais o encontro. A lua dorme, o cheiro de terra molhada se mistura ao batuque da chuva. Quero lavar coração e retirar dor existida...nem montanha azul, nem chuva , nem lua me aquietam...abraço flores de ipê e peço colo.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Hoje acordei com gosto de pão de queijo, faminta de mineirice. Entornei café "Brasópis", engoli quase que nem leite fresco. Desceu coçando! Arregacei calça e fui molhar terreiro. Enfiei pé em cimento e deslizei. Pulei igual cabra no cio, derrapei. Caí...molhei assento de corpo que doeu dor de dia que é noite. Gargalhei tombo, assim como gargalho piada boa, contada por caboclo. Persisti, mineira é dura na queda! Agarrei transporte de bruxa, afirmei pé e segui. Agora mais experiente de vida escorregante...cantano caetano eu segui...enganei, assim que nem engano conhecer coração de homem.Num ritmo sonhador voz que imita caetano desafinou...caiu. Dessa vez a dor maior que dia que é noite foi pitica. Escorregar, mesmo experiente, doeu, doeu sentido de alma , cabeça oca bateu em terreiro. Mineira, tonta sem vinho,não riu, não sorriu nem gargalhou. Chorou a dor cheia em oco vazio...

quinta-feira, outubro 20, 2005

Desaba(fando) em céu de Minas...



Expiro meus dias
Em noites,tocando luas
Não resido mundo
Escondo
Meus escombros
Em lixo “elitado”
Caminho chão
De sandálias velhas
Toco terra
Misturo-me à ela.
Nada revelo
Invisível, percorro as trilhas
Que tento evitar.
Envergonho meu eu
Em desejo guardado
Vontade caminhar nua
Despida de sociedade...
Abraço tronco
De árvore centenária
Quero ser (ela).
Contorno montanhas
De terras de Minas
Os dedos caminham
Em seios (dela).
Olhos se cansam
De cimento e guerra
Excomungo T(gu)erra!!!!
Grito viver
De vontade ser
Bicho, irracional,
Mortal , livre!!!
Arranco órgãos
Que queimam meu peito
Me esvazio de meu eu
E ,liberta, caminho
Buscando momento
Existente
Entre ser-e-não-ser.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Buscando calmaria...



Universo
Pés caminham sobre anéis
Percorrem curvas
Como se fosse corpo seu.
Luz aquece frio de alma
E silêncio
Sussurra
Viver solitário...

quarta-feira, setembro 28, 2005

"Tronco sobre tronco" _ Foto Elisa di Minas


Um tronco tombado sobre o tronco chamou atenção minha , quando caminhava por morros de cidade natal.



Um silêncio, que gritava, deixava no vácuo do momento a solidão marcada.
Não passei, permaneci em alma que apertava dedos e buscava,no olhar embaçado, uma vida pra recordar.

terça-feira, setembro 20, 2005

BASTA ! Foto organizada por Elisa di Minas.


Um basta a toda violência cometida, a toda fome do mundo, a todo sussurrar sem respostas, a toda solidâo humana. Não suporto mais o descaso da humanidade.
E nesse não suportar, um poema foi rabiscado...

MUNDO
Pelo não, pelo sim
Por tudo, enfim,
Pelo vento que brinca com o tempo
Pelo riacho que não corre mais
Pelas ondas sedentas de beijos
Pela chuva que cai
Pelo fim...
É o tudo e o nada que conta
É a dor que nos desaponta
A saudade , que livre, aponta
O passado que não volta mais.
Pelos filhos da sarjeta,
Pela arma que mata, nojenta
Pela covardia isenta
Pelo grito,
Pelo homem que cai.
Pela fome e pelo rancor
É o ódio que toma conta
É pela morte do amor.
É meu corpo, que faminto,
Pela fome de justiça
Já não pode suportar
Por tudo isso eu grito
Meu corpo explode aflito
Eu não quero viver mais...

domingo, setembro 18, 2005

Fotos cedidas por Marcos Noronha, tiradas do Observatório de Cidade Minha...

Aqui é onde busco meus devaneios, loucos devaneios em céu de Minas...
Um pequeno visualizar do que vivemos em Terras Mineiras...Êta céu "bunitu dimais"..

Supernova

Fico olhando, pasmada, as belezas de universo. Não me canso de babar nas cores existidas. Fantasticamente, elas se misturam e derrubam sobre mundo a poesia solitária que sente coração dos homens. Desejo meu de tocar estrelas é tão imenso que chega a doer. Uma dor gostosa, aconchegante e profunda. Sei que estrelas estão tão longe...sei que existirão na eternidade, são infinitas. E, sem poder tocá-las, toco mundo que habito. Toco terra de montanhas, toco verde de folhas, toco águas de rios. E vivo apaixonando meus dias com a beleza que vejo de minha janela, com os cantos de aves coloridas e com meu olhar que ultrapassa realidade...

sexta-feira, setembro 16, 2005



È na imensidão do universo que as cores se fundem em permanências...

quarta-feira, setembro 14, 2005


Azul que reflete mar das montanhas de cidade minha. Reflete os sonhos que trago na alma...reflete a infinita esperança de mundo de paz...

domingo, setembro 11, 2005

Os fogos do céu de Minas refletem o verde de suas montanhas e explodem em desejos de grãos de café, que perpetuam em cheiros jogados ao vento.
Descalça, percorro terreiro pisoteando grãos que se aquecem ao sol. Meu olhar reflete azul, onde pássaros revoam em cantoria de aventuras. A bica canta suave melodia , enquanto bem-te-vi dedilha notas musicais. Meu pai, carregando saca de café, se aproxima . E fala:
__Fia, dexa grão em paiz, que ele vai virá bebida do dia de amanhã. Corre, toca os ganso que tão bicando a horta de sua mãe.
Não me mexo e deixo que meu olhar acompanhe o velho homem, que caminha carregado pelo chão. E sorrio, porque velho homem é eterno em meu coração.

sábado, setembro 10, 2005

É noite

E eu caduco desejos.
Perco encantos
De coruja
Que grita fantasias
Em minha janela.
E, feia,
Me olho.
Não vejo
O que espelho me mostra
Me cego
Porque me nego...

quinta-feira, setembro 08, 2005

Não canto

Meus dias amanhecem cheirando montanhas.
Num passeio ecológico sigo de encontro à labuta.
Um cafezal se mostra à minha passagem.
Bananeiras erguem braços, num abraçar mundo.
E eu sigo
Olhando os ipês que pintam meus olhos de amarelo
E se curvam acompanhando vento.
Em Pedra da Cruz eu chego.
Misturado ao cheiro de café
Os gritos de meus alunos
Se confundem ao canto de canário
E vôos de tucanos.
Frondosa árvore acolhe sabiá.
Esqueço que trabalho me chama
Quero olhar montanhas e beber luz de mundo...

Mineirice

É na mineirice de viver que encontro forças em derrubar trilhas de mato cerrado em busca de matas. Uma mata que seja encantada em seus cantos, onde aqui e acolá adormecem tucanos e sabiás. Onde o choro gritado da siriema aconchega em alma minha e devolve lembranças de infância perdida. Bato e derrubo barro grudado entre dedos dos pés, latejado da ânsia em percorrer caminhos. No caminhar não trago marmita em embornal, elevo mãos e colho do fruto servido pela Mãe-Terra; me embriago de sobremesa de morangos silvestres, docemente amargados no matar sede. Respiro a vida que beleza me mostra, canto desafinando cachoeira e bebendo da relva onde me deito. Olho céu que enfeita teto meu e brilha o brilhar de contrastes entre mundo e eu. Recolho as estrelas que caem, encho meu bolso jeans e costuro viver com remendos de experiências, criando retalhos que carrego em dia de panha de café e derrubada de bananeira. Passo mão em chão, avermelhado pela sangria de ser mulher e usufruir do viver de fêmea que procria em si a semente do macho, jogada em noite de amor...

quarta-feira, agosto 31, 2005

Prosa

O querer falar mineirices é o continuar caminho em barro, subir montanhas e desabar em cachoeira de água cantante, pescar lambari e deitar em terreiro à noite, junto às estrelas. Uma mineirice que invoca assombrações em noite de lua cheia , que panha café em montanhas encurvadas de morros desiguais e eternos. O andar descalço, com pé lameado e querências eternas de poeta abandonado ao viver.