Elisa di Minas

Elisa di Minas

quinta-feira, novembro 17, 2011

Aconteceu

Era 12 o dia...era realidade, mudança, realização, felicidade e comemoração.
Era wagner o nome, assim como elisa, carmem, eliane, maria, catarina, carlos, antonio, jesus, marta, pedro, sebastião, francisco, geraldo ,infinito.Tempo de transformação!
Fiquei a noite toda com medo de dormir e acordar outra realidade.
Uma agonia impregnada, baixa ,sufocante e aguda rasgava minha pele e pedia basta!
Muitos viveram meu sofrimento, minha agonia, trilharam em vagões de ferro e fogo (até cheguei a reviver o chumbo), mas o desejo de mudança era a minha, era a nossa força.Uma força que nem sabia de onde vinha, mas vinha, chegava , impregnava e amortecia sofrimento.E seguia...cheguei a pensar que caminhava sobre pedras pontudas, mas que nada! Era caco de vidro em sola de pés, de muitos pés. E nos faziam mancar com o peso da carga egoista e desumana.
Por muitas noites deixei de dormir, assim como você. Delirios assombravam a escuridão. Descabelada eu gemia. E não eram gemidos de gozo não, eram gemidos de uma dor profunda que feria e arrebentava coração.Um espirito de união surgiu quando não mais aguentávamos. Não era necessário voz, bastavam os olhares de desespero. Eu sabia perfeitamente o que sentiam, porque era também sentimento meu. Era uma dor tão calada e sofrida que me lembrava partida de meu pai e minha mãe , de minha irmã e de minha filha. E quando o sol irradiava bom dia eu pensava nas crianças que me aguardavam, pensava nos funcionários , na minha responsabilidade... e seguia rumo a Pedra da Cruz que sempre me recebia com um sorriso (pra me dar mais alegria).
Tudo poderia ter sido tão diferente!
Possuo uma alma cabocla, trago nas mãos, no rosto, no cabelo, na feiura das formas e da pele uma simplicidade conquistada na caminhada ao lado de meu pai,que me ensinou que o respeito humano, que a verdade , que a honestidade ,que a afetividade e o amor são os unicos caminhos certeiros quando buscamos a felicidade nossa e do outro. Minha figura um bocado envelhecida e disforme ja não mais aguentava. Por dentro eu rangia e sangrava. Por fora eu observava, controlava meu impeto irrequieto e justiceiro e engolia sapos, carrapatos, cobras... e vomitava silêncio. Minha voz tinha que ser cortada e calada, não podia mais ser a causa do sofrimento do outro. Vocês não imaginam o quanto recorri a alma de meu pai, para que me iluminasse com a mansidão que carregou pela vida.Mas eu dava meu jeitinho mineiro e excomungava a peste que me assolava, e expelia (silenciosamente) o mal que tentava corroer. Um dia até cheguei a gritar, no silencio mais dolorido que eu tinha "Fora Satanás,vai-te reto coisa ruim, me mira mas me erra!". E suspirava profundamente antes que o ar me faltasse.
Não foi facil, envelheci as dores que não precisavam ter existido.
Mas renasci, assim como você ...renascemos...
Juntos, fortes...e estamos aqui.
Sem sacanagem, me dou direito total ao grito que estava engasgado:
ACONTECEUUUUUUU,Graças a Deus!
AGORA ESTAMOS VIVOS!