Deve ter nascido num dia de noite
E, no decorrer das luas,
pintado de luto o seu céu
Não deve ter chorado amores frustrados
E sim vomitado as faces sem véu.
Pobre garoto
Jogado na vida
Perdido desejo de ser
Achado desejo de renascer
Feliz !
Faltou-lhe madrinhas encantadas,
Rocas e fadas
Mas não poesias
Poesias não, poesias sobraram nas folhas em branco
De um pranto que não morreu.
Vá garoto
Dizer adeus e chorar e gritar
E esperar
Esperar que as voltas do tempo
Lhe tragam alento
De uma vida de paz.
Vá, vá garoto
Embarque nas brumas do vento
Abrace a si mesmo sem tempo
Arremate, costure a dor do momento
Com outras que encontrarás
E chorarás, chorarás, chorarás.
Viver é um pranto infinito...
Elisa di Minas