Elisa di Minas

Elisa di Minas

sábado, julho 18, 2020

Arremedo infeliz

"Arremedo infeliz de existência" 

 Deve ter nascido num dia de noite 
 E, no decorrer das luas, pintado de luto o seu céu
 Não deve ter chorado amores frustrados 
 E sim vomitado as faces sem véu. 
 Pobre garoto 
Jogado na vida 
 Perdido desejo de ser
 Achado desejo de renascer 
 Feliz ! 
 Faltou-lhe madrinhas encantadas,
 Rocas e fadas 
 Mas não poesias 
 Poesias não, poesias sobraram nas folhas em branco 
De um pranto que não morreu. 
Vá garoto
Dizer adeus e chorar e gritar 
 E esperar 
 Esperar que as voltas do tempo 
 Lhe tragam alento 
 De uma vida de paz.
 Vá, vá garoto 
Embarque nas brumas do vento 
 Abrace a si mesmo sem tempo 
 Arremate, costure a dor do momento
 Com outras que encontrarás 
 E chorarás, chorarás, chorarás. 
 Viver é um pranto infinito... 

 Elisa di Minas
Isolamento - Coronavírus "Viver sem tempos mortos", é porreta demais isso! O isolamento está provocando estranhezas na alma da gente. A maior estranheza que estou vivendo é a de mim mesma por não me reconhecer mais no que sou. Não sei mais se o passado me define porque ando sendo o que não sou, vivendo o que nunca fui, sentindo que o tempo atual está morto, mas não um morto comum e sim um defunto vibrante por viver. Ando confusa porque o que fui, o que o tempo fez de mim não vive mais, tive que matar o futuro que projetei e busquei, pra viver um presente sem chão andante, parado e estagnado no vazio da vontade de ser o que seria.