
Encontro mutações
e distante
dos amigos
não-falantes,
grito sussurros
que não ouvi.
Pari meus medos
enfrentando
o que sofri.
Sorri
e na esquina
do seu tempo
Olhando seu aceno
Parti...
Um espaço onde posso deixar correr sangue mineiro...onde posso falar carregada de caboclagem...Um espaço onde montanhas, cachoeiras ,chão de terra e gosto de café torrado irão se misturar às palavras
Noite. Estrela brinca de trem e apita passado. Sinto cheiro de terra molhada e terreiro de café. Sinto toque de Pescador de mãos calejadas e olhar da cor do céu em noite de paz. Ouço passos arrastados de chinelo velho em corpo de avó. Ouço cachoeira cantando a musicalidade do mundo, dançando nas esteiras escorregadias das pedras esverdeadas de tempo. Aguço olhar e vejo as amarelinhas pulantes sob meus pés, os bambolês deslizando firmemente em cintura fina, as pedrinhas batendo em céu, as pernas-de-pau agigantando meu viver, as pipas jogadas ao vento, os piões, as comidinhas em fogão de barro gritando hora de almoçar.
Noite. Estrela brinca de frio e cutuca lembranças. Estremeço coração e aconchego voz que ecoa gritos de prazer nas mangas arrancadas dos pés, amareladas e revestidas de mel. Árvores engalhadas, entortando sob peso de corpo meu, se revestem das gargalhadas deixadas no passado. Tucanos e sabiás, ipês e quaresmeiras, montanhas e vales, menina e mulher...
Noite. Em mar e montanha me divido, em passado e presente, em idas e vindas, em silêncios e gritos, em risos e lágrimas. Noite. No peito a saudade de um passado que ainda não vivi.