Elisa di Minas

Elisa di Minas

sábado, março 31, 2007

Paridas

Pari os doces enlevos
Que vida me levou
E na ressonância da brisa
Ouvi os gritos
Que ecoavam de peito meu.
Gritos silenciados
Dos abandonos que travei,
Das dores que chorei,
Dos tombos que tombei,
Do cálido nascer
Dos fins
Dos amores
Que encontrei...

E despedaçada em meus eus
Arregaço boca
Arreganho alma
E expulso
O que há em mim
Do eu
Que me faz
Sofrer ...

Não quero mais os eus
Que possuem meu eu
E alargam as noites,
Que silenciadas
De presença
Me fazem morrer...


(Elisa di Minas, ouvindo sussurrar de montanhas)

domingo, março 25, 2007

Noturna

Tô aqui, parecendo vaca em trabalho de parto, desvairada, soltando baforadas de narinas abertas. Tô aqui ventando mais que final de tarde de verão, mais que bater asas de borboleta. Sei que estou aqui, mas não estou...pensamento voa pelos córregos de minha terra, necessitado do silêncio do canto das águas, necessitado do barro pisado, necessitado do frio que aquece noites minhas. Tento prender pensamento, mas ele é livre, rebelde, traiçoeiro-aventureiro no corpo que carrego. Tô aqui, mas a invisibilidade das vozes sussurrantes se impregnaram, misturam cérebro meu e me consomem. Saio à janela, necessito olhar montanhas, mas elas não se ascenderam...será que brigaram com lua? Olho o céu, à leste uma luz caminha apressada, sorrindo pra mim. Tento apagar embaçado que meu olhar sempre encontra, aperto olhos, aperto...mas luz dá adeus e segue infinito, sorrindo de mim...