Elisa di Minas

Elisa di Minas

quinta-feira, julho 20, 2006

HOJE

Olhar meu
busca estrelas
escondidas nas luzes
de montanhas
de cimento.
Arrebento peito
abocanho tempo
e me entrego.
Não mais existe
canto de corujas
Só buzinas e gritos.
Adormeço
Minh'alma...

quarta-feira, julho 19, 2006

Destitulada

Sentir que se desloca
Foge, desencontra,perde-se
Não sou
Estou
Sinto-me centro
Girar de tempo
Em volta de mim
Sou roda tonta
Sentidos contrários
Estou
Sou infinito de vozes
Silêncios
Loucuras obscuras
Objeto,feto,sensações
Sou finitude
Explosões
Canções, versos, emoções
Deslocamento
Canto,
Encosto
Interrogações...

Elisa di Minas em tarde paulista
ao som de buzinas e alegrias

terça-feira, janeiro 10, 2006

Céu Sereno


(foto Marcos Noronha)

CÉU SERENO

Sereno céu
De estrelas
Derruba seu cantar
De promessas
Engaioladas,
Sentidas,
Molhadas
Das lágrimas
Que poeta ri.
Esquece os acenos
Serenos
Do oceano
Das marés
Que enferrujam
Olhar distante
E cantam
Os murmúrios
Poéticos,
Estéticos,
Sem nexos,
Guardados
No desequilíbrio
Do norte
Do viver.
Encobre os corpos
Despidos,
Cuspidos,
Esquecidos
Na curva do tempo.
Destino inquieto,
Fétido, mórbido,
Carente
Dos sonhos
Morridos, perdidos,
Alagados
Deixados na estação...

Elisa di Minas

domingo, janeiro 08, 2006


(foto Marcos Noronha)
Ergui asas e exalei perfumes que habitavam em mim...Bebi chuva, abocanhei estrelas e sorri.Universo entrelaçou dedos, apagou luz e acalantou os sonhos que vivia.Voei por planetas distantes,penetrei crateras.Inundei espaço e voei estrela azul-cativa.Assassinei os medos e mergulhei cachoeira de sentimentos.Esqueci viveres e morri, nascendo nas cores que existia ali...

Montanhas

Céu queima
Pinta montanhas
Sangue escorre
Pelo buraco negro
E derrama as dores
Que mundo não fala...

Olhar


(imagem cedida por Marcos Noronha)
Um olhar em universo
Macabro
Vaga em noites, dias
Distante de chão
Perambula lágrimas,
Perambula sorrisos.
Quando chora,
Inunda mundo
Provoca
Envia raios
Em montanhas minhas
Um olhar
Que vê
Os medos que trago
Escondidos,
Os sonhos que sonho
Nas trilhas
Que não percorro...

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Hoje...

Chuva intensa molhando chão e escorrendo pelos vãos de mundo. Não mais surge bola de fogo em montanha, clareando flores e aquecendo ninhos. Mundo chora! Lágrimas frias e pesadas, que matam, trucidam, entortam e eliminam viveres. Pobreza humana morre molhada, abandonada...Vi face de criança morta, disforme em olhar vago.Vi corpos soterrados, angústias...Vi perda de sonhos e esperanças...
Chuva desce, cega ao sofrimento, enche valas e ruas e vargens. É natureza gritando as desigualdades. Mansões, barracos, fome, fartura...ternos, maltrapilhos...olhares vagos, olhares indiferentes...desespero! Dor nascendo em corpos, descrença, perda...
E eu aqui, parada em trilhos, com peito partindo...querendo arregaçar mangas e arrancar corpos, querendo alimentar bocas, querendo esperança em olhar de criança, querendo alegrias em vidas, querendo...querendo...parada em trilhos, não desço nas estações...ergo braços e aceno...Revolta!
Tronco se curva, chão molha salgado e parto...nos braços, criança morta!