Chuva intensa molhando chão e escorrendo pelos vãos de mundo. Não mais surge bola de fogo em montanha, clareando flores e aquecendo ninhos. Mundo chora! Lágrimas frias e pesadas, que matam, trucidam, entortam e eliminam viveres. Pobreza humana morre molhada, abandonada...Vi face de criança morta, disforme em olhar vago.Vi corpos soterrados, angústias...Vi perda de sonhos e esperanças...
Chuva desce, cega ao sofrimento, enche valas e ruas e vargens. É natureza gritando as desigualdades. Mansões, barracos, fome, fartura...ternos, maltrapilhos...olhares vagos, olhares indiferentes...desespero! Dor nascendo em corpos, descrença, perda...
E eu aqui, parada em trilhos, com peito partindo...querendo arregaçar mangas e arrancar corpos, querendo alimentar bocas, querendo esperança em olhar de criança, querendo alegrias em vidas, querendo...querendo...parada em trilhos, não desço nas estações...ergo braços e aceno...Revolta!
Tronco se curva, chão molha salgado e parto...nos braços, criança morta!
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