Elisa di Minas

Elisa di Minas

segunda-feira, agosto 27, 2007

Merdas

Evacuo as merdas
expostas em vasos
sanitariados e confusos.
Defecando
sigo no compasso absurdo
dos surdos de minha era.
Apago as cores
da aquarela do mundo
e acinzentando as idas
volto às estradas vencidas.
Merdas!
Estaciono tempo,
destruo construções,
desfaço feitos
e amordaço gritos
aprisionando a liberdade
descontida
nos traços
humanos
das desumanas vidas.
Merdas...

sábado, agosto 18, 2007

Ventania

Mar amarelo
De lágrimas.
Arcado ao vento
Ele tentava recolher suas vestes.
Dedos meus tocaram tronco
Na tentativa do consolo
Que busca aquecer
A falta do agasalho
Que pinta céu
E encanta olhar dos homens.
Doeu
Quando vento levou as saias
Do ipê de meu quintal.

sábado, julho 28, 2007

grito

hoje encerro meu ser poeta
nada mais será revelado
nada mais será murmurado
nem um lamento será derramado
nem um suspiro será questionado.

hoje mato a morte
enterro meu corpo esculpido,
despido e apedrejado
quebrado
inexistido.

hoje serei ontem
e no amanhã do passado
olharei meu vazio
e procurarei minha face...

segunda-feira, julho 16, 2007

Chega
parte
fica
vai
sai
entra
sobe
desce
cai
levanta
molha
seca
bate
acaricia
ama
odeia
tô cansada!

Quero

Quero escrever bem pequeno pra combinar com o que sou...não gosto de vestir fantasia...quero meu jeans surrado, meu chinelo rasgado, meu camisetão velho, meu cabelo espatifado, minha calcinha furada, meu pijama queimado...quero voltar a olhar minhas montanhas, tomar banho na chuva, agarrar a lua e escrever todas as besteiras que me vem à cabeça...quero lambuzar mão de manga, engordurar de torresmo, embebedar de vinho, esticar na poltrona e não pensar em nada!!!!

Desejo pisar barro e espetar dedão na pedra, falar palavrão e não me preocupar com nada...por que vida teima em querer mudar meu eu????

segunda-feira, junho 04, 2007

VASTO MUNDO


Embora não seja Raimundo
E nem me chame Drumonnd
Perfuro os furos do mundo
Estonteantes manhãs.
Com meu olhar meio vesgo
Pincelado de anarquia
Eu visto a fantasia
Me cubro de nostalgia
Nas paredes que são vãs.
E lá colada, perpétua,
A sina de quem é só.
Quero virar Raimundo
Florbela
(que não espanca)
Cecília, Adélia ou Maria
Só não quero essa Elisa
Que pinta clarão de lua
Que molha pés em regato
Que
beija montanha crua
Que se veste tão despida
E se descobre na lida
De quem nasceu pra ser só...

EU

Sou corpo despedaçado
Livre e descarado
De língua solta, resquício
Daquilo que foi um vício
Nas curvas
Que o tempo encerra.
Sou mulher,
Louca, perdida
Nas brigas
Trago da vida
As marcas que não ganhei.
Perdi lutas
Matei vitórias
Deixei montanhas e glórias
Nos caminhos que trilhei.
Sou feia, sou deformada
Vesga, míope, aleijada.
Na alma que eu ganhei,
Nasci em dia de noite
Escondida entre açoites
Abandonada, jogada
Lata de lixo, fechada
Sem dentes, cara chorada
Do colo que não usei.
E hoje carrego em peito
As
marcas que são deixadas
Pelos pés
Que um dia amei...

domingo, maio 20, 2007

Lindo, de PATRICK REIS

"Eu pintei meu cabelo. Eu coloquei óculos escuros. Eu tentei mudar minha vida, mas eu não consegui, será que o problema na MINHA vida sou EU?
O tempo passou e a minha vida parou, mas só agora eu notei que ela tinha parado faz tempo!!!
Eu já fui superficial, mas todos sabiam o que eu pensava.
Eu já fui artificial, mas ninguém me decifrava no meu mundo particular.
Eu já fui natural, mas não era meu estilo.
Eu nunca fui normal, porque o normal me incomoda!!!!!!!!
Eu achei que eu caminhava sozinho, mas muitos estavam comigo. Eu tinha tudo, mas não tinha nada. Quando eu resolvi ter pouco eu consegui ter tudo!
Dizem que o perfeito não existe, mas pra mim minha família é perfeita, meus amigos são perfeitos, eu posso achar defeitos neles, mas os outros não. Eu amo muito essas pessoas que me fazem tão bem!"

Patrick foi aluno meu, me ensinou muitas receitas de vida, me ensinou atalhos de viver, me mostrou cores novas pra pintar mundo. Grande Patrick, sou fãzona dele.

domingo, maio 13, 2007

E lisa

Uma pedra
Parada
Vertente
Ardente
Estagnada de nãos

Um olhar
Perdido
Vazio
Caido
Carregado de nãos

Uma vida
Parida
Corrida
Sentida

Pequena
E solitária
Pedra
Imunda
E lisa...

Luar

Em quatro paredes
Verdes
Escuto vozes
E no macabro silêncio
Aceno
Desespero.

Luar, parta
Esconda sua vaga
Estreita
Peito meu
E morra!

sexta-feira, abril 20, 2007

Imensidão...desejos. Não sei se observo ou vôo.

domingo, abril 08, 2007

Sentimento meu em alma

Recebi de Alma:

"Aqui nesse pedaço da Mantiqueira
uns soluços tombam na terra
é forte o cheiro da vida úmida
estremece um todo qualquer calado em mim
uns trejeitos de uma loucura que nunca vivi
mas reconheço nos olhos que já mais vi
apenas pressinto assim estranhamente
destituida de minha humanidade
vago ainda por este canto
uns tons escuros de noite clara
estrelas dançam das muitas que sou
e no caos do mundo renascem
sejam elaines sejam duardos sejam quaisquer os nomes que tiverem
todas são pedaços de um fragmento maior
este do qual a mulher montanha se desprendeu
desgarrou em loucura cósmica
e ela nossa mãe
sabe da estrela que multiplica estrela
essa que causa angustia
essa que traz força em nosso olhar
que cativa e assusta
que aproxima e afasta
no cheiro de terra úmida de sei."
(Letícia Paula)

sexta-feira, abril 06, 2007

Aqui...

28/09/06

Encontro mutações
e distante
dos amigos
não-falantes,
grito sussurros
que não ouvi.
Pari meus medos
enfrentando
o que sofri.
Sorri
e na esquina
do seu tempo
Olhando seu aceno
Parti...

Noite

Noite. Estrela brinca de trem e apita passado. Sinto cheiro de terra molhada e terreiro de café. Sinto toque de Pescador de mãos calejadas e olhar da cor do céu em noite de paz. Ouço passos arrastados de chinelo velho em corpo de avó. Ouço cachoeira cantando a musicalidade do mundo, dançando nas esteiras escorregadias das pedras esverdeadas de tempo. Aguço olhar e vejo as amarelinhas pulantes sob meus pés, os bambolês deslizando firmemente em cintura fina, as pedrinhas batendo em céu, as pernas-de-pau agigantando meu viver, as pipas jogadas ao vento, os piões, as comidinhas em fogão de barro gritando hora de almoçar.

Noite. Estrela brinca de frio e cutuca lembranças. Estremeço coração e aconchego voz que ecoa gritos de prazer nas mangas arrancadas dos pés, amareladas e revestidas de mel. Árvores engalhadas, entortando sob peso de corpo meu, se revestem das gargalhadas deixadas no passado. Tucanos e sabiás, ipês e quaresmeiras, montanhas e vales, menina e mulher...

Noite. Em mar e montanha me divido, em passado e presente, em idas e vindas, em silêncios e gritos, em risos e lágrimas. Noite. No peito a saudade de um passado que ainda não vivi.

sábado, março 31, 2007

Paridas

Pari os doces enlevos
Que vida me levou
E na ressonância da brisa
Ouvi os gritos
Que ecoavam de peito meu.
Gritos silenciados
Dos abandonos que travei,
Das dores que chorei,
Dos tombos que tombei,
Do cálido nascer
Dos fins
Dos amores
Que encontrei...

E despedaçada em meus eus
Arregaço boca
Arreganho alma
E expulso
O que há em mim
Do eu
Que me faz
Sofrer ...

Não quero mais os eus
Que possuem meu eu
E alargam as noites,
Que silenciadas
De presença
Me fazem morrer...


(Elisa di Minas, ouvindo sussurrar de montanhas)

domingo, março 25, 2007

Noturna

Tô aqui, parecendo vaca em trabalho de parto, desvairada, soltando baforadas de narinas abertas. Tô aqui ventando mais que final de tarde de verão, mais que bater asas de borboleta. Sei que estou aqui, mas não estou...pensamento voa pelos córregos de minha terra, necessitado do silêncio do canto das águas, necessitado do barro pisado, necessitado do frio que aquece noites minhas. Tento prender pensamento, mas ele é livre, rebelde, traiçoeiro-aventureiro no corpo que carrego. Tô aqui, mas a invisibilidade das vozes sussurrantes se impregnaram, misturam cérebro meu e me consomem. Saio à janela, necessito olhar montanhas, mas elas não se ascenderam...será que brigaram com lua? Olho o céu, à leste uma luz caminha apressada, sorrindo pra mim. Tento apagar embaçado que meu olhar sempre encontra, aperto olhos, aperto...mas luz dá adeus e segue infinito, sorrindo de mim...

quarta-feira, março 21, 2007

Colou

Colou uma dor aqui no peito.
Sentidos, sentimentos
Vertentes das marés
Gritantes.
Calou uma voz aqui na alma
Triste destino
De homens tristes.
Nasceu pensamento aqui dentro
Forte, pulsante.
Nasceu consciência
De morte, de
Um A, sem M
Um M sem O
Um O sem R
Derrubaram as letras
Que Mundo precisa...

Minhas montanhas

Estão morrendo...


sábado, março 17, 2007

chocolate

Comendo chocolate arranho o céu de minha boca e destilo gostosura de mundo. Ê trem bão comer chocolate se lambuzando de calorias. Vou inchando, inchando, inchando, parecendo vaca prenha. Engordando mais que cueca de político e gozando mais que transa em lua de mel. Afinal não é todo mundo que pode usufruir de um belo chocolate ao leite, derretendo goela abaixo, enchendo estômago de ceratonina. UAU! Gorda! Gorda! Gorda! Tô nem aí se pele vai se elasticiando, espichando, enchendo, inchando. Tô nem aí se vô ficá gostosona, de carne boa pra pegar! Não mesmo! Não quero cachorro em vida minha... cachorro que gosta de osso! Quero mais é que esse corpo que a terra NÃO há de comer se lambuze nesse momento fanático e fantástico de tesão. Quero mais é que sociedade de mulheres tábuas se lixem! Pneus? E eu com isso? Não sô carro pra ficar preocupada com pneus elegantes, firmes, fortes, bem modelados, seguros, resistentes, permanentes...nem esquento moradia de piolho! Quero nem saber que roupa vou usar amanhã se elas não me servirem mais...saio feliz pra rua, sugando estômago, com passos desajeitados pela falta de movimento de corpo prensado...levarei São Paulo dentro de Brasópolis cantando mais que cigarra em manhã de sol. EITA EU! Sô livre pra carregar minhas banhas e chacoalhar barriga molenga, estufada, lindamente definida. Sô livre pra caminhar rasgando calça e deixando à mostra um bundão rechonchudo, chamativo...requebrando como só eu sei. Mulheres me olharão com ar de zombaria e eu gritarei: FODA-SE! Tão com fome? Tão infelizes? Não comem chocolate! Não comem chocolate! Não comem chocolate!

quarta-feira, março 14, 2007

PUTZ!

Hoje carrego desejo de andar de pé no chão,
ralando sola de couro duro,
envelhecido e doído.
Trago na alma um suplicio,
um desejo, uma ânsia constante
de ser natureza, água, terra, ar, montanha.
Olho os lados de caminho
buscando céu amarelado das flores dos ipês.
Respiro a sensação de mundo
e tento não pensar em viver.
Tento estancar ânsia de silêncio,
pareço tão cansada!
Corro o tempo de menina e fecho olhar.
Minh`alma busca Pescador
de mãos calejadas e olhar doce.
Onde estão as enxurradas por onde eu andava?

domingo, março 11, 2007

Hoje vesti nariz vermelho e enfrentei calor, fila e seleção. Acomodei bunda no degrau e silenciei meio século, só no observar. Saltos finos, grossos, rasteirinhas, sapatões, tênis, apertavam o desejo de vencer. Olhei meus dedos que seguravam uma havaiana velha abaixo de jeans surrado...acho que só pra contrariar. Um protesto mudo, numa sociedade calada.
Vacas de presépio, aceitação incondicional. Abraços trocados, risos, ansiedades. Uma fumaça solta em local proibido, só pra rebelar. Olhar não encontrou lugar pra guimba e dedos amarelados apertaram fumo e se queimaram, só pra sentir que vivia. Observando passantes me dirigi pra matadouro 12 e me coloquei a disposição do carrasco. Abaixei cabeça e aceitei minha condição de verme...no peito um grito estacado, um suplicio indesejado, uma seleção mórbida, em país de palhaços!
No palco da seleção assassinei neurônios e vomitei o fel da aceitação.
Queria Presidente sendo selecionado, queria governadores, senadores, deputados, vereadores, prefeitos na fila de matadouro...queria...mas calei voz e olhar e num país de palhaços vesti minha máscara e dei cara pra apanhar...
Assim vivi dia de hoje, num silêncio macabro...de chinelo rasgado e cabeça vazia...assim mugi e ruminei minha condição de vaca-palhaça...e mais uma vez aceitei passar pelo mata-burro sem chegar a nenhum lugar!

sábado, março 10, 2007

(foto Elisa di Minas)
Na simplicidade da imagem jogada em nosso olhar...
simplifico viver
e penduro no varal do tempo as alegrias sentidas,
as dores superadas,
as lutas travadas.
E ouço a canção serena,
longínqua,
permanente,
inconsciente,
que despetala o espaço
na busca da sobrevivência
esquecendo que
montanha grita o silêncio da morte
e mundo chora destruição.

sexta-feira, março 09, 2007

Espera...















(Foto Elisa di Minas)

Olhar busca passado e se perde em presente.
Solidão em gestos e olhar espera
que vida traga de volta a vida que se perdeu...

sábado, fevereiro 24, 2007

(Foto Marcos Noronha)
Vômito vermelho inunda mundo, luzes e cores se misturam à sangria humana.
as ruas passam
jogam resíduos
de gente
céu se alarga
derruba lágrima
e mata
cão fareja
olha acoitado
e parte
descrente
olhar se turva
embaça medo
foge
nas dores
pendentes
mundo se aperta
estrangula
alma demente
e a gente?
segue
cego
inconsciente...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Morte de você

Nas pontas de meus dedos
Nasce uma dor
Assim acomodada
Desequilibrada

Descolorida
Parida da sombra
Da ausência
De seu olhar.

Na palma da minha mão
Nasce uma morte
Assim tão descontida
Na chegada
Da partida
De seu ficar.

Nos braços de meu corpo
Nasce um desejo
Assim descompassado
Marcado
Maltratado
Na existência da vontade
De lhe abraçar.

Na boca da minha face
Nasce um silencio
Assim amargurado
Despojado
Costurado
Na certeza
Da falta
De seu beijar.

Nos olhos de minha alma
Nasce uma lagrima
Assim amarrotada
Molhada
Quebrada
Colada
Embrulhada
Na crueldade
Da realidade
Da vida que vou levar...

domingo, fevereiro 18, 2007

sósósósósósósósósósósósósósósó
sem saber como acabar
como acabei...

HOJE

dia de ser amanhã
invadir sentidos
e navegar
navegar
navegar
os mares desconhecidos.

sábado, fevereiro 17, 2007

Quem sabe

Alegria de carnaval
me traz um novo amanhecer.
Quem sabe...

Nos nós carnavalescos

Homens esquecem dores

E numa ânsia de felicidade

Destripam os estribos

Que governam a vida

E vão

Malandros

Mágicos

Bailarinos

Piratas

Ciganos

Fantasmas

De malas e maletas

Carregando frustrações...

terça-feira, fevereiro 06, 2007

pensamente

Olhando pela janela busco clarão de lua, que se apaga sem que meu olhar alcance. Olho escuridão de tempo e penetro entranhas na sensação convulsiva de que me separo de meu eu e busco outra que habita em mim.Não consigo acalmar meu espectro que cambaleia pelo tempo mumificando a escória de vida que levo. Vida de perdas paridas nas entranhas fétidas, desconcertantes e desgovernadas. Desequilibro pulsar e corto a pele, sangrando num prazer mórbido de quem sabe que viver é morrer. Alucinando meu peito piso as ilusões que se apodreceram no caminho e sorrio ao vê-las gritarem descontroladas e chorantes. Furo olhar com o agudo veneno que me come, consome, distorce, alucina, envolve e foge, deixando no peitoril uma mulher sem sexo, sem rumo, sem nexo...

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Momento

Um tempo tão curto, um escuro tão molhado e uma mulher carregada de sentidos que de tanto sentir parecem começar a morrer...

E di Minas

Cansada...

Elisa Cansada

Cansada de mim
Entorto as pregas
Desço morros
Balbucio
Caduco
Cutuco dedão do pé
Retiro pregos
Martelos
Lembranças
Que doem
E cansam beleza
Que elisa nem tem...

Elisa di Minas

quinta-feira, janeiro 18, 2007

?????????????

QUE DIA SERÁ QUE AMANHEÇO????????

sexta-feira, janeiro 05, 2007

...

Junto à estrela
Rasgo santidade
E me faço puta.
Arreganho pernas,
Estupro homens
Tatuando entranhas,
Sangrando pele
Na violência convulsiva
Do amor
Que trago escondido
Nos poros
Dos pêlos do mar
Que navego...

Elisa di Minas

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Quase

Quase que morre um poeta...
Meus sapatos foram queimados
destituidos de prazer
Nem sei se é porque o canto
do vento, do tempo,
me cansa a vontade de viver.
Poeta joga com vida,
mas poesia
está no sapato que arrasta
Queimado,
inundado de falta de prazer.

Melhor é morrer
Mesmo
QUE SACO!!!